segunda-feira, 10 de junho de 2013

HOMENAGEM AOS TORRIENSES MORTOS NA GUERRA DO ULTRAMAR



O Núcleo da Liga dos Combatentes de Torres Vedras realizou no dia 2 de Junho de 2013, data de comemoração do 11º aniversário da inauguração do Monumento aos Torrienses Mortos na Guerra do Ultramar (na Várzea, frente ao Tribunal), uma singela mas sentida homenagem aos torrienses falecidos. Foi uma evocação emocionada para todos os presentes, pois viveram as mesmas dificuldades e riscos e, por isso, não deixaram de recordar, mesmo à distância temporal, os que infelizmente partiram. Ao sinalizar esta efeméride não poderia deixar de lembrar a passagem do livro A Condição Humana de André Malraux, quando refere uma vida não vale nada, mas nada vale uma vida. Ela é um bem sem preço e tem um valor incalculável. É por isso que nos reunimos em torno da memória dos que tombaram em combate. Já não falamos com eles. Falamos deles. E é por isso que esta é a única homenagem que lhes podemos prestar.
O Núcleo da Liga dos Combatentes de Torres Vedras, cuja recente instalação na cidade não pôde senão contar com o apoio da Câmara da Lourinhã e com as quotizações dos seus sócios para arrendar as instalações onde se encontra sediada, orgulha-se dos serviços que presta aos seus sócios e familiares, num gesto de verdadeira solidariedade e humanismo. Sublinha-se, que sabemos bem como as dificuldades unem os homens. E que foram elas que moldaram e consolidaram a relação de amizade de velhos camaradas de armas que circunstancialmente se conheceram como militares e se transformaram em amigos. Por isso, a solidariedade, a estima, o respeito, o valor institucional, sobrevivem na história de vida e na memória de cada um de nós. É por isso que surpreende o desrespeito que sucessivos governos e demais políticos têm revelado por quem foi compelido e sacrificado na sua juventude a servir a Pátria, como aconteceu com a geração a que pertenço (a década de 1960/70) que se sente frustrada com tal insensibilidade e indignidade com que é tratada.
A homenagem prestada tem como pano de fundo a Instituição Militar. Foi por tê-la servido que comungamos os mesmos valores, cumprimos as mesmas regras, defendemos os mesmos princípios e que, em muitos casos, nos conhecemos directamente. As instituições sociais são faróis orientadores para qualquer sociedade, devendo por isso merecer o respeito que lhes cabe, mesmo quando isso não aconteça com quem as representa, o que entre nós é infelizmente a regra. Não servem as instituições públicas. Servem-se despudoradamente delas.
Nesta efeméride e por uma questão de grandeza moral colectiva, não se poderia deixar de referir que a história de um povo é o próprio povo. Por isso, honrar a memória dos seus, não é um ritual. É um dever cívico de qualquer povo que respeite a sua história, preze a sua existência e tenha orgulho nos feitos dos seus antepassados. Portugal e a Instituição Militar têm sido mal tratados e até desprezados pelas sucessivas hordas (elites) políticas que se apoderaram e exerceram o poder depois do 25 de Abril de 1974. Quando olhamos para o que se passa noutros países europeus e observamos o respeito que devotam à Instituição Militar, faz corar de vergonha qualquer cidadão responsável que preze as suas instituições. Isso, infelizmente, afasta-nos do que se passa noutros países. E a propósito, não pode deixar de se transcrever aqui o discurso de Barack Obama, Presidente Obama dos Estados Unidos, proferido no Memorial Day "...É graças aos soldados, e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos. É graças aos soldados, e não aos jornalistas, que temos liberdade de imprensa. É graças aos soldados, e não aos poetas, que podemos falar em público. É graças aos soldados, e não aos professores, que existe liberdade de ensino. É graças aos soldados, e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo. É graças aos soldados, e não aos políticos, que podemos votar..." Eis a razão pela qual deve haver sensibilidade e conhecimento da realidade para lidar com a Instituição militar. Ela foi e deve continuar a ser uma referência para a sociedade civil. E se se degradou, as culpas deverão ser todas assacadas à classe política que governou o País depois de 1974, cuja arrogância funcionou e tem funcionado como escudo da ignorância. Por isso, é moda dos políticos o achismo. Todos acham. Todos andam a achar. Mas não se sabe o que verdadeiramente procuram. Todos têm opiniões sobre tudo, mas não leram, não estudaram nem fundamentam nada. Poderá o País, com esta gente, ter um futuro digno? Mas, o mais grave é que a Europa está entregue a gente deste jaez.
Aproveita-se para sublinhar que uma sociedade que não tem memória e não preza a sua história (o seu passado e os seus valores), demonstra claramente que entrou em decadência. Que caminha celeremente para o estado animalesco donde partira há milénios. Retrocesso necessariamente indesejado e chocante para os que prezam os valores e estimam a dignidade da vida humana.

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Por, Rocha Machado (Prof)

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